PORQUE
SOFREMOS

No fim, a certeza da experiência empírica (mais
sábia de todas as certezas, porque fruto da prática mais lídima, incorrompível
e não manipulável) afirma que pouco ou muito o fato indeclinável da vida é que
sofremos. Os que sentem menos dor ou são mais astutos observadores ou
merecedores de melhores azares que os outros. Porém mesmo estes sofrem e
crescem com a dor. Cada dor tem sua potência e o tamanho dela é aquele que lhe
emprestemos. Não façamos como Cunegundes, personagem de Voltaire em seu Cândido,
que se achava a mais sofrida das criaturas, quando vizinho a si mesma, a velha
senhora que placidamente a servia tinha já passados por infortúnios bem piores
que o da heroína trôpega do sarcástico romance.
Vivamos com obstinação e nos perguntando a cada
tropeço o que a vida se oportuniza a nos ensinar e não lamentando os infortúnios
que se nos tenham alcançado. Viver sempre valerá a pena, por mais que já
tenhamos perdido pessoas e coisas valiosas. Não seremos os únicos a
contabilizar estas perdas, pois junto a nós estarão os vencedores, os sábios e
os fortes.
Jorge Emicles Pinheiro Paes Barreto
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