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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

ENTÃO, É NATAL




                   O Natal inspira à alegria e à comemoração. Reunião das famílias, presentes e banquetes alimentam o desejo de fartura das pessoas e das empresas. As lojas ficam lotadas e a imagem de papai noel, aquele galante velhinho que presenteia as boas crianças e as crianças ricas todas, é recorrente. O mundo visto desde a perspectiva do Natal até parece belo; as pessoas até parecem caridosas e justas. Ver o mundo desde o ponto de vista do Natal alimenta mesmo a esperança de que tudo pode, enfim, vir a ser melhor.
                   É tão mágico o Natal que até a figura crística ressurge para lembrar da existência de um mundo espiritual, superior, justo e perfeito. Perdido tantas vezes em meio as imensas árvores e aos enormes bonecos do velho noel, aquele pobre menino, desde a nudez e simplicidade de sua manjedoura nos transmite profícua mensagem de fé, renovação e esperança. Inspirados na figura crística são notáveis e profundos os discursos construídos desde ela. Natal é a renovação da fé; a ressureição da esperança de um mundo melhor; o renascimento em nós mesmos da consciência de que precisamos ser pessoas melhores, para nós mesmos e para o mundo. São contundentes estes discursos. De sua veemência, não se pode duvidar a sua flagrante verdade, pois de fato os homens precisam ser tocados, para transformarem a si mesmos e por eles ao mundo inteiro.
                   O problema é o que vem depois destes discursos. Sempre. As cabeças abaixadas em resignadas orações de pronto se levantam, passando a mirar as deliciosas guloseimas, que por regra inundam as fartas mesas de Natal. A consciência serena que a pouco placidamente comia o pão da palavra e sorvia o vinho da sabedoria, inicia a tagarelar bobagens e a espraiar pensamentos de pequeno calão, fazendo desanuviar-se a vibrante energia que recheou as palavras de antes. O que era belo e divino humanizou-se em demasia. O Cristo no presépio, por tais motivos, agora é apenas um írrito bonequinho posto em uma cena quase ininteligível e totalmente incompreensível quando inserido no meio da algazarra lacônica formada pela bebedeira, comilança e pequenas ideias do ambiente. Quantos pecados não se cometem durante uma ceia de Natal, por já tantas gerações; por já tantos séculos? A começas pelo pecado da gula.
                   Ainda mais que dos belos discursos de Natal – que bem ou mal a humanidade já absorve como verdades necessárias e valiosas – precisamos mesmo é praticar estes valores. E por todos os dias do ano, não apenas em ocasiões específicas.

                   O Cristianismo não pode se cingir a orações e a rituais religiosos. O verdadeiro cristianismo está na afirmação de certos valores, cujo mais importante de todos é o amor ao próximo. Mas o cristianismo mesmo não é a afirmação, mas a prática desse sentimento. O cristianismo está na prática incondicional do amor, esse sentimento essencial, desde o qual defluem todos os outros. O fundamento soberano de toda a doutrina de Cristo.

Um comentário:

  1. Excelente texto amigo, realmente a humanidade está mesmo precisando tomar mais consciência do verdadeiro espírito do natal. Na verdade, o famigerado papai noel, está tomando (infelizmente) o lugar do verdadeiro protagonista do natal que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Ananias Pinheiro da Silva

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