ENTÃO,
É NATAL
O Natal inspira à alegria e à comemoração. Reunião
das famílias, presentes e banquetes alimentam o desejo de fartura das pessoas e
das empresas. As lojas ficam lotadas e a imagem de papai noel, aquele galante
velhinho que presenteia as boas crianças e as crianças ricas todas, é recorrente.
O mundo visto desde a perspectiva do Natal até parece belo; as pessoas até
parecem caridosas e justas. Ver o mundo desde o ponto de vista do Natal
alimenta mesmo a esperança de que tudo pode, enfim, vir a ser melhor.
É tão mágico o Natal que até a figura crística
ressurge para lembrar da existência de um mundo espiritual, superior, justo e
perfeito. Perdido tantas vezes em meio as imensas árvores e aos enormes bonecos
do velho noel, aquele pobre menino, desde a nudez e simplicidade de sua
manjedoura nos transmite profícua mensagem de fé, renovação e esperança.
Inspirados na figura crística são notáveis e profundos os discursos construídos
desde ela. Natal é a renovação da fé; a ressureição da esperança de um mundo
melhor; o renascimento em nós mesmos da consciência de que precisamos ser
pessoas melhores, para nós mesmos e para o mundo. São contundentes estes
discursos. De sua veemência, não se pode duvidar a sua flagrante verdade, pois
de fato os homens precisam ser tocados, para transformarem a si mesmos e por
eles ao mundo inteiro.
O problema é o que vem depois destes discursos.
Sempre. As cabeças abaixadas em resignadas orações de pronto se levantam,
passando a mirar as deliciosas guloseimas, que por regra inundam as fartas
mesas de Natal. A consciência serena que a pouco placidamente comia o pão da
palavra e sorvia o vinho da sabedoria, inicia a tagarelar bobagens e a espraiar
pensamentos de pequeno calão, fazendo desanuviar-se a vibrante energia que
recheou as palavras de antes. O que era belo e divino humanizou-se em demasia.
O Cristo no presépio, por tais motivos, agora é apenas um írrito bonequinho
posto em uma cena quase ininteligível e totalmente incompreensível quando
inserido no meio da algazarra lacônica formada pela bebedeira, comilança e pequenas
ideias do ambiente. Quantos pecados não se cometem durante uma ceia de Natal,
por já tantas gerações; por já tantos séculos? A começas pelo pecado da gula.
Ainda mais que dos belos discursos de Natal – que
bem ou mal a humanidade já absorve como verdades necessárias e valiosas –
precisamos mesmo é praticar estes valores. E por todos os dias do ano, não
apenas em ocasiões específicas.
O Cristianismo não pode se cingir a orações e a
rituais religiosos. O verdadeiro cristianismo está na afirmação de certos
valores, cujo mais importante de todos é o amor ao próximo. Mas o cristianismo
mesmo não é a afirmação, mas a prática desse sentimento. O cristianismo está na
prática incondicional do amor, esse sentimento essencial, desde o qual defluem
todos os outros. O fundamento soberano de toda a doutrina de Cristo.
Excelente texto amigo, realmente a humanidade está mesmo precisando tomar mais consciência do verdadeiro espírito do natal. Na verdade, o famigerado papai noel, está tomando (infelizmente) o lugar do verdadeiro protagonista do natal que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Ananias Pinheiro da Silva
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