PARA
ELA
Que tenho para dar a ela
Senão a bela aquarela,
Torneada em passarela
E dedicada toda a ela!
Há algo que pulsa no universo
interno de mim mesmo, chamando por não sabe o que, mas ainda assim é reconhecido
como imensamente valioso. Sei perfeitamente que esse tesouro não está em pessoa
ou lugar algum, mas somente no recôndito interior mais profundo. Ainda assim,
encontra noutra pessoa a intimidade e confiança que imaginei não existirem na
matéria.
E, desde um misterioso instante
É como se estivesse preso
Numa dualidade constante
Em dois mundos, ao mesmo tempo e ileso.
Só o que tenho para ela são meus
medos, dúvidas e incertezas que incessantemente alimentaram e alimentam minha
alma já fazem centenas de gerações. Mas tudo isso com a brandura de quem já
entendeu como irrecusável o universo perfeito e infinito que habita dentro e
fora de cada um de nós, de tal maneira que tudo me parece leve e natural, mesmo
as dores e tormentos pelos quais passei e pelos que terei ainda de passar.
E é essa consciência pujante
Que dentro de mim se expande,
Que pra dor no coração é atenuante,
De que nem se foge nem se esconde.
Jorge Emicles
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