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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

 



PARA ELA

 

 

            Que tenho para dar a ela

Senão a bela aquarela,

            Torneada em passarela

            E dedicada toda a ela!

 

 

            Há algo que pulsa no universo interno de mim mesmo, chamando por não sabe o que, mas ainda assim é reconhecido como imensamente valioso. Sei perfeitamente que esse tesouro não está em pessoa ou lugar algum, mas somente no recôndito interior mais profundo. Ainda assim, encontra noutra pessoa a intimidade e confiança que imaginei não existirem na matéria.

 

            E, desde um misterioso instante

            É como se estivesse preso

            Numa dualidade constante

            Em dois mundos, ao mesmo tempo e ileso.

 

            Só o que tenho para ela são meus medos, dúvidas e incertezas que incessantemente alimentaram e alimentam minha alma já fazem centenas de gerações. Mas tudo isso com a brandura de quem já entendeu como irrecusável o universo perfeito e infinito que habita dentro e fora de cada um de nós, de tal maneira que tudo me parece leve e natural, mesmo as dores e tormentos pelos quais passei e pelos que terei ainda de passar.

 

            E é essa consciência pujante

            Que dentro de mim se expande,

            Que pra dor no coração é atenuante,

            De que nem se foge nem se esconde.

 

Jorge Emicles

 

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