O PALÁCIO DA FÉ
Conta
a tradição cabalística que o Rabino Shimon bem Yachai ao ser abençoado por
profundo êxtase, permaneceu longo período inerte, espraiando por todo o
ambiente onde se encontrava um ensurdecedor silêncio e fazendo a alguns de seus
discípulos acreditar estivesse morto, dada a tez serena de sua expressão e a
quase absoluta ausência de movimentos corpóreos. Na verdade, contudo, havia
libertado seu espírito temporariamente das amarras do corpo, tendo alcançado a
permissão de adentrar ao Paraíso Celeste.
Após
o que pareceu uma eternidade completa retomou ao plano de baixo e, para saciar
a sede de conhecimento de seus discípulos explicou por onde estivera.
Disse
que foi arrebatado por sete portas, cada qual guarnecida por um Anjo Celeste.
Só eram admitidos os merecedores, que tivesse a necessária pureza de intenções
e ações. Para o ingresso em cada porta se exigia alvura ainda superior à da
porta anterior. Os demais eram impelidos para longe. Após as sete portas se
adentrava às sete regiões, cada uma guarnecida também por um Anjo Celeste. Em
cada uma das regiões há um Palácio, que tem a função de fazer a ligação entre
Deus e os homens. É a Shechiná.
O
primeiro dos Palácios, é a casa da Fé. As suas portas são abertas
aos pecadores que oram com sinceridade. A cada oração que ali chega se diz que
se a pessoa que as fez estiver verdadeiramente arrependida, suas preces terão
permissão para entrar ao Palácio e subir ainda mais Alto.
Aos
que não forem sinceros, contudo, se abrirão as portas do Império de Satã, que
paralelamente possui um Palácio análogo e oposto aos Sete Palácios Celestes. Porque,
explica o Rabino Shimon bem Yochai, “assim como Deus criou um Paraíso terrestre,
Ele criou um inferno terrestre. E exatamente como Deus criou um Paraíso
Celeste, Ele criou um Inferno Celeste”.
Das
lágrimas dos penitentes, o Anjo Rahmiel teceu uma coroa.
A
fé liberta de todas as opressões e angústias. Mas só a fé verdadeira será capaz
de salvar a humanidade.
Jorge Emicles
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