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domingo, 4 de junho de 2017

A TORNEIRA DA CORRUPÇÃO


                   São recorrentes as manchetes denunciando seguidos escândalos de corrupção país afora, por meio dos quais se revela não somente a desfaçatez generalizada de nossos agentes públicos, como também a desmedida ganância e criatividade que possuem em surrupiar a velha viúva do cofre de ouro em que se tornou o erário, cujas riquezas são provenientes do duro trabalho dos brasileiros, arrancados através dos impostos desproporcionalmente cobrados de todos nós, em que, percentualmente, os pobres pagam mais que os ricos. Os casos são tantos, mas ao mesmo tempo tão parecidos na revelação da avareza e ganância de nossos homens públicos, que seria tedioso e inútil lista-los.
                   O que ainda está um tanto obscuro na consciência da opinião pública, que é pouco debatido pela imprensa e até mesmo olvidado em tantas vezes pela academia, é o estratagema recorrente que é utilizado pelos larápios para atingir seus sucessos. De maneira geral, podemos relacionar todos os esquemas de corrupção revelados nos últimos anos, mas também de tempos ainda mais remotos, a fraudes no processo de licitação. Eis uma chave que precisa ser concertada para prevenir ainda mais prejuízos futuros para a nação.
                   A falta de caráter e ausência de compromisso dos políticos com os interesses da coletividade são algo quase certo no universo do poder. Muitas vezes é necessário possuir tais características como condição à ascensão na hierarquia dos cargos públicos. Portanto, não é pela limpidez do caráter dos nossos administradores que vamos resolver o problema da grande sangria de recursos que ainda hoje escorrem dos cofres públicos. Somente renovando profundamente o processo de licitação é por onde talvez tenhamos algum êxito, uma vez que são os recursos provenientes dos milionários contratos administrativos que abastecem as incontáveis malas de dinheiro vivo que são despudoradamente distribuídas entre os políticos das mais variadas matizes, sempre em troca do compromisso de firmar ainda mais contratos administrativos, cada vez mais vantajosos.
                   É preciso denunciar que o caminho para esses contratos é a fraude nos processos de licitação!
                   Em geral, quando a imprensa denuncia algum novo escândalo envolvendo processos de licitação, em resposta, o congresso nacional edita novas leis tornando ainda mais rígido o processo, dando a falsa impressão com esta medida moralizar a questão. O problema é que é exatamente o inverso o que acontece: quanto mais rigoroso o processo de licitação; quando maiores forem as exigências impostas para a participação como seus concorrentes; quanto mais certidões negativas forem exigidas dos interessados, menor será o número de possíveis participante e maior a chance de acordos subterfúgios e ilegais tanto com os agentes públicos envolvidos, quanto dos licitantes entre si.
                   A realidade, é que importante número de licitações país afora são vencidas por empresas de gabinete, que não possuem empregados, estoques, capital social significativo e não vendem a ninguém mais que ao próprio poder público. Na prática, são atravessadores que compram das verdadeiras empresas existentes no mercado, para repassar por preços tantas vezes superfaturados os produtos dos quais não são verdadeiros fornecedores. Enquanto isso, o pequeno e médio empresário, que poderia ter preços bem mais competitivos (aquele mesmo, de quem o atravessador irá comprar o produto contratado) está sumariamente excluído de participar da competição porque lhe falta alguma tal certidão dentre o emaranhado de outras tantas impostas pela lei.
                   O combate à corrupção exige um imediato e rigoroso processo de desburocratização!

Jorge Emicles

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